Mudar a data de
vencimento de carnes estragadas, maquiar seu aspecto ou usar químicos para
mascarar seu mau cheiro - até mesmo em produtos usados na merenda escolar. Estas
são algumas das táticas ilegais que, segundo as autoridades do Brasil, cerca de
30 empresas de carne do país usavam para vender alimentos em mau estado de
conservação, incluindo fornecedoras de grandes frigoríficos.
A Operação Carne Fraca,
realizada nesta sexta-feira, revelou que as empresas JBS e BRF - que são as
maiores do Brasil e estão entre as maiores exportadores mundiais de carne -
também adulteravam a carne que vendiam no mercado interno e externo. A operação
foi a maior já realiza na história da Polícia Federal, segundo as autoridades.
A investigação, que
mobilizou 1.100 policiais em sete Estados, revelou uma extensa rede de subornos
e propinas nos quais estariam implicados dezenas de inspetores do governo
encarregados de garantir que os produtos cumpriam com as normas sanitárias. As
empresas negam que práticas de alteração tenham sido realizadas em seus
produtos e dizem que estão colaborando com as investigações.
As exportações em 2016 representaram 7,2% do comércio global do setor, segundo a agência EFE
Merenda
escolar
|
A descoberta de que, no
Paraná, alunos da rede pública estadual consumiram salsicha de peru sem carne -
preenchida com proteína de soja, fécula de mandioca e carne de frango - deu
início à investigação de dois anos.
"Inúmeras crianças
de escolas públicas estaduais do Paraná estão se alimentando de merendas
compostas por produtos vencidos, estragados e muitas vezes até cancerígenos
para atender o interesse econômico desta poderosa organização criminosa",
disse o delegado da Polícia Federal Mauricio Moscardi Grillo.
A campanha Confiança com Toni Ramos, acrescentou qualidade a marca. |
As práticas
fraudulentas incluíam alterar os rótulos e as datas de vencimento dos produtos,
injetar água na carne para aumentar seu peso e tratar as carnes com ácido
ascórbico, substância potencialmente cancerígena. A PF encontrou produtos com
estas alterações em supermercados.
A liberação da carne
vencida e adulterada era feita por fiscais do Ministério da Agricultura, que
recebiam propina dos frigoríficos para afrouxar a fiscalização. Segundo a PF,
há provas de que as empresas falsificaram documentos para exportar a carne para
a Europa, a China e o Oriente Médio. A Justiça Federal do
Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas. O Brasil é o
maior exportador mundial de carne bovina e de frango, e o quarto em carne
suína. As exportações em 2016 representaram 7,2% do comércio global do setor, segundo
a agência EFE.
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