Caiado disse que não se deve ter medo da antecipação da eleição presidencial = proposta oficializada hoje pelo PT. |
BRASÍLIA - Num posicionamento inusitado, o líder do DEM no
Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse nesta terça-feira que o presidente Michel
Temer tem que "balizar" esse momento de crise institucional e que em
certas situações os governantes podem fazer um "gesto maior" de abrir
mão de seu mandato. Caiado disse que não se deve ter medo da antecipação da
eleição presidencial = proposta oficializada hoje pelo PT.
— Podemos chegar ao último fato, que é, para preservar a
democracia, ter um gesto maior de poder mostrar que ninguém governa sem apoio
popular. E nessa hora não podemos ter medo de uma antecipação do processo
eleitoral — disse Caiado.
Perguntado se estava defendendo a renúncia de Temer, Caiado
disse que o presidente saberá avaliar a situação.
Primeiro, porque todo cidadão tem que entender que mandato político não é direito de propriedade. |
— Ele saberá balizar esse momento. Mas ele deve ter a
sensibilidade que não teve a presidente Dilma. Não é provocar as ruas, insistir
numa tese que não vai sobreviver. Ele precisa ter noção daquilo que está sendo
feito pelo governo e como está sendo aceito pela população.
— A situação que herdamos do PT não tem tratamento que não
seja amargo e doloroso. Mas, para isso, a pessoa tem que ter condição de dizer
isso à sociedade. Não é renúncia de ordem pessoal, é um gesto maior, essa
situação já vimos no governo anterior — disse Caiado.
Ele disse que estava fazendo uma análise global.
— Essa gravidade nos impõe gestos de coragem e de humildade.
Primeiro, porque todo cidadão tem que entender que mandato político não é
direito de propriedade. E você deve estar sempre disposto a abrir mão da
condição do seu mandato para poder ser auferido pela sociedade brasileira se
quer reconduzi-lo. Existem momentos onde você é obrigado a ter de gestos
maiores para não colocar em risco a democracia brasileira e nem a ordem — disse
Caiado.
Mas ele deve ter a sensibilidade que não teve a presidente Dilma. |
O líder do DEM disse que a Justiça precisa ser
"célere" para dar respostas sobre as investigações da Lava-Jato.
— Precisamos dar mais celeridade à essa situação. O Brasil
não pode ficar vivendo essa situação de soluço. Temos que ver se o Congresso
tem condições de legislar, ver se o governo tem condições de governar, e, a
partir daí, chegar a uma conclusão. Agora, viver nessa crise espasmódica, de
soluço, precisamos ter uma fase mais propositiva. Temos que tomar uma decisão
que preserve a democracia. Essa situação de soluço vai enfraquecendo o governo
— disse Caiado.
O líder do DEM falou várias vezes em "gesto maior":
— O risco é caminhar para um processo de desobediência civil.
O risco é parecer que as pessoas que legislam e governam não têm credibilidade junto
à população. Isso é o mais grave.
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