· O ex-vereador de
Goiânia Wladimir Henrique Garcez, preso pela Operação Monte Carlo, disse
hoje (24) em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)
do Cachoeira que nunca entregou dinheiro ao governador de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB), e que as gravações feitas pela Polícia Federal no inquérito
são "montagens". Segundo ele, a ida à
sede do governo de Goiás ocorreu para apresentar um sistema de propaganda
indoor ao governador. "Nem sequer fui atendido", disse Wladimir.
"Não ocorreu a fantasiosa entrega de dinheiro, na praça", destacou.
" são montagens, e a ordem dos diálogos não é a mesma. Percebi
muitas modificações", destacou.
Wladimir está preso
desde o dia 29 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Monte Carlo,
que investigou a suposta organização criminosa comandada pelo empresário
de jogo ilegais Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
No inquérito, o ex-vereador é apontado como um dos principais colaboradores
de Cachoeira, com o papel de facilitar as relações do grupo com agentes
públicos. O ex-vereador confirmou
que era contratado pela empresa Delta Construção, suspeita de ligação com
a organização investigada. Ele disse que trabalhava como assessor do
então diretor regional da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Por esse
trabalho, o ex-vereador recebia R$ 20 mil.
Wladimir também
disse que recebia mensalmente de Carlinhos Cachoeira R$ 5 mil para assessorá-lo
em sua empresa de medicamentos. O interesse tanto da Delta quanto do empresário
Carlinhos Cachoeira no trabalho do ex-vereador, segundo seu depoimento,
ocorreu pela proximidade que ele tinha ou aparentava ter com autoridades
políticas em todas as esferas. Essas relações, segundo ele, foram construídas
durante o tempo que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de
Goiânia. "Para me 'cacifar' eu demonstrava ter mais poder, mais
força", contou o vereador.
Após ler o depoimento
inicial, o ex-vereador evocou o direito de permanecer calado. Os deputados
e senadores da CPMI cogitaram encerrar a reunião, no entanto, o relator,
deputado Odair Cunha (PT-MG) insistiu em formular perguntas ao depoente.
A sessão prossegue neste momento no Senado.
Ainda hoje, estão previstos
mais dois depoimentos, de Idalberto Matias de Araújo, conhecido como
Dadá, e do jornalista Jairo Martins de Souza. Ambos trabalhavam para Cachoeira.
Jairo está em liberdade e Dadá foi preso na Operação Monte Carlo. O advogado
dos dois, Leonardo Gagno, disse hoje que eles não devem responder a perguntas.
"Eles não vão
falar, porque a matéria de prova está toda calcada em escutas telefônicas
que nós sustentamos que são ilegais. Para seguir uma linha de defesa coerente,
temos que nos manter em silêncio e exercer esse direito constitucional de
não incorrer em autoincriminação. Isso serve para que eles possam preservar
a defesa deles", disse o advogado.
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