O diretor jurídico da Google Brasil, André Zanatta (foto), criticou,
em Brasília, o que ele chama de “censura” a conteúdos na internet que ocorreria
hoje no país. “Deve-se combater informação com mais informação, não com
censura”. Segundo ele, tornou-se uma constante pedir judicialmente a retirada
de textos e vídeos que o atingido considere ofensivo.
Segundo dados da empresa, 72% das ações judiciais movidas por
conteúdos ofensivos na rede são no Brasil.
Por isso, Zanatta criticou a posição do brasileiro nas redes sociais,
caracterizada pelo discurso de ódio. “Atualmente, no Brasil, está difícil
manifestar-se na internet sem receber crítica ou censura”.
O professor de direito Eduardo Mendonça reitera que “no
Brasil, a lei garante em tese a liberdade de expressão, mas restringe na
prática. O resultado disso não pode ser algo positivo”. Para o jurista, existe
uma censura de conteúdos em instância judicial. “Existe uma dose enorme de
autoritarismo no filtro do que deve ser retirado do ar ou não”. Ele encara a Internet como um canal que potencializa tanto
discursos bons quanto ruins. “Uma simples pessoa pode ser um repórter com um
celular. Nesse cenário, as fontes também são produtoras de conteúdo”.
Segundo
Mendonça, diante de tanta informação e da velocidade na produção e distribuição
de conteúdo, casos em que a liberdade de expressão e o direito à intimidade se
confrontam são comuns. Porém, argumenta que
acionar a justiça não deve ser a primeira opção. “Não é possível remover
conteúdos sem que haja medida judicial. O problema é que há uma banalização da
censura judicial no Brasil”, explicou.
Carlos Ayres Brittoex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), |
Para o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF),
Carlos Ayres Britto, a liberdade de expressão deve ser respeitada “sob qualquer
circunstância”, ainda que haja excessos. “Não é pelo temor do abuso que se vai
proibir o uso”. Segundo ele, o ato de se comunicar é historicamente atrelado ao
homem e, por isso, “impedir um ser humano de se comunicar é apartá-lo de si
mesmo”. O ex-ministro afirmou que a Suprema Corte “garantiu em quatro
oportunidades, nos últimos anos, a plenitude do direito à liberdade de
expressão”. Ele citou como exemplo prático a questão da autorização de
biografias. Em tom poético, enfatizou que “a liberdade de expressão é a maior
expressão de liberdade”. Fonte: Agencia UniCEUB
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