João Derly: reforma da Previdência proposta pelo Executivo prejudica a parcela mais pobre da população |
O novo líder da Rede Sustentabilidade, deputado João Derly
(RS), afirmou que as prioridades do partido para 2017 incluem a luta contra a
corrupção e contra os “retrocessos” do atual governo. Derly substitui o
Alessandro Molon (RJ) no comando da bancada, formada por quatro deputados. O
parlamentar gaúcho é filiado à Rede desde 2015.
Derly está em primeiro mandato na Câmara dos Deputados, onde
atuou na Comissão do Esporte e na comissão especial que analisou as medidas
contra a corrupção. Foi vereador em Porto Alegre, pelo PCdoB, por dois anos
(2012-2014). Antes de dedicar-se à política, o atual parlamentar foi judoca –
até hoje o único brasileiro a se tornar bicampeão mundial da modalidade (2005 e
2007). Ele também conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio,
em 2007.
Uma das primeiras ações deste ano da Rede foi o mandato de segurança no Supremo Tribunal Federal impedindo o mandato do Moreira Franco. |
Quais serão as
prioridades da Rede neste ano?
Vamos manter a mesma linha que o partido tem desde 2015,
principalmente no que diz respeito ao direito das pessoas e ao combate à
corrupção, que muito tem se mostrado neste governo, por exemplo, com a nomeação
do Moreira Franco [para ministro da Secretaria-Geral da Presidência], a fim de
tentar escapar da investigação na primeira instância, com o foro privilegiado.
Uma das primeiras ações deste ano da Rede foi o mandato de segurança no Supremo
Tribunal Federal impedindo o mandato do Moreira Franco. Vamos manter essa linha
de atuação, lutando contra os retrocessos que se iniciaram no governo Dilma e
têm se mantido na gestão Temer.
Como o senhor vê a
pauta proposta pelo Executivo, em especial a reforma da Previdência?
Iremos nos manter totalmente contrários à reforma da
Previdência, porque as ações do Executivo acabam ferindo sempre o lado mais
fraco da sociedade, que é a população mais necessitada. Não debatemos as
questões da tributação real sobre os lucros e dividendos, que é o que países
desenvolvidos aplicam. Nossos impostos ficam muito restritos aos serviços,
fazendo com que as pessoas mais pobres tenham os maiores prejuízos. E a reforma
da Previdência novamente vem com esse intuito. Quase 50% do rombo da
Previdência vêm dos militares, e eles estão fora dessa reforma. Nós temos de
debater a fundo. Não somos contra uma reforma da Previdência, mas não
concordamos com essa proposta que foi trazida para esta Casa.
Reforma Partidária: Há muitos interesses de partidos políticos para tentar se perpetuar no poder. |
E qual a sua visão
sobre a reforma política?
A reforma política se faz muito necessária, porque o sistema
de coalizões atual se mostrou falho demais. Há muitos interesses de partidos
políticos para tentar se perpetuar no poder. A reforma política que foi
apresentada no ano anterior foi muito ruim para as eleições de 2016. Nós
queremos que haja uma reforma política que chegue o mais perto do ideal
possível, embora seja difícil saber qual seria esse ideal. Mas uma questão que
eu acho que deveríamos debater muito é o formato das coalizões, além do
desenvolvimento do fundo partidário. No entanto, não tenho certeza se isso é
possível no primeiro semestre, pois teremos o debate das reformas trabalhista e
da Previdência e, provavelmente, uma reforma tributária.
Quais são os projetos
de lei prioritários para o partido?
Não discutimos ainda os projetos que queremos priorizar nas
reuniões de líderes e na pauta do Plenário. Mas, especificamente do meu
mandato, temos alguns, como a não contribuição do Bolsa Atleta, porque isso
está prejudicando os para-atletas, fazendo com que tenham de optar entre a
aposentadoria por invalidez e o Bolsa Atleta, e isso está trazendo prejuízo
enorme. Estou conversando com o presidente [Rodrigo Maia] para podermos colocar
isso logo para votar, a fim de que os para-atletas possam ter condições de ser
manter no esporte. Além disso, o aumento da alíquota da lei de incentivo ao
esporte [PL 130/15], que tem uma previsão de R$ 400 milhões a serem aplicados
no esporte brasileiro – o máximo que alcançamos até então foi R$ 254 milhões no
ano de 2014. Precisamos aumentar essa alíquota para chegar no teto desse
provimento de recursos ao esporte.
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