Transação sigilosa
teria coberto buraco milionário para construção da arena em Itaquera |
A Odebrecht fez uma
transação sigilosa com a Caixa Econômica Federal em 2014 para cobrir um buraco
milionário para construção da Arena do Corinthians, palco da abertura da Copa
do Mundo. Conforme o jornal Folha de S.Paulo, o dinheiro, gasto pela
empreiteira no estádio, não tem prazo para retorno. Para ajudar a Odebrecht a
recuperá-lo, o banco estatal comprou debêntures (títulos de crédito lançados ao
mercado para captar recursos) emitidas pela empreiteira no valor de ao menos R$
350 milhões. Na prática, funciona como um empréstimo. A Odebrecht terá que
devolver esse recurso à Caixa com juros.
Marcelo Odebrecht, preoso da Lava Jato, |
O ex-presidente do
Corinthians e atual deputado federal Andrés Sanchez (PT-SP), que participou do
projeto de construção da arena, confirmou à Folha a transação, mas disse que
não comentaria o negócio porque o acerto foi feito entre a Caixa e a Odebrecht,
sem envolver o clube. Em 2014, a Odebrecht fez uma única emissão de debêntures,
com valor próximo do socorro da Caixa, com vencimento em 2021, segundo pesquisa
feita pelo jornal. A empreiteira foi contratada pelo Corinthians em 2011 para
erguer o estádio.
O maior torcedor do Timão: Lula. |
Pelo plano original, um
financiamento do BNDES no valor de R$ 400 milhões seria utilizado para bancar
parte da obra. O restante seria quitado com R$ 420 milhões em créditos cedidos
pela Prefeitura de São Paulo – os Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento
(CIDs). O financiamento do BNDES, feito via Caixa, só saiu em março de 2014 e
um impasse surgiu em relação aos CIDs: uma ação judicial questionou a validade
do benefício municipal. Isso espantou os poucos empresários interessados em
comprar os certificados, mesmo com o atrativo de descontá-los do pagamento de
impostos.
Alegria e orgulho da torcida da Fiel |
A Odebrecht, mesmo sem
os recursos, concluiu a obra a tempo da abertura da Copa. Ou seja, com o
estádio entregue e em uso, já com o dinheiro recebido do BNDES, havia ainda um
buraco de R$ 420 milhões decorrente do impasse em torno das CIDs. Foi aí que a
Caixa decidiu comprar os papéis da Odebrecht.
Segundo a Folha, a
operação foi estruturada porque a arena não tinha garantias suficientes para
recorrer a outro banco. Marcelo Odebrecht, então presidente da companhia, atuou
diretamente para agilizar os empréstimos e pressionou a Caixa para que o
dinheiro fosse liberado com poucas garantias. O executivo está preso em
Curitiba há um ano e quatro meses e foi condenado a 19 anos de prisão por
crimes como corrupção e lavagem de dinheiro descobertos pela Operação
Lava-Jato.
Uma arena de grande nível que engrandece o futebol brasileiro. |
A reportagem da Folha
procurou a Odebrecht e a Caixa Econômica Federal e enviou perguntas específicas
sobre a emissão e compra das debêntures. Por meio de sua assessoria, a
instituição financeira pública informou, conforme o jornal, que as operações
envolvendo a Arena Corinthians são protegidas por sigilo bancário. Por isso,
afirmou que não iria se manifestar sobre o caso. A assessoria de
imprensa da construtora Odebrecht informou que, neste momento, não iria se
pronunciar sobre a operação no estádio. A empresa e seus executivos negociam um
acordo de leniência e de colaboração com a força-tarefa da Lava-Jato, que
prendeu diretores e o ex-presidente da companhia. AGENCIA bRASIL
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